Faz pensar em nossa própria infância, adolescência, a perda da nossa pureza,
as culpas que carregamos, os caminhos que escolhemos, todos esses clichês.
E faz lembrar de quando comecei a ouvir Cássia Eller .
Faz pensar que hoje gosto mais de Agnela mais do que quando as ouvi pela primeira vez,
e faz mais sentido quando Ruth, a personagem de Felicity Jones, diz: "they're gods".
E quando mais tarde, no fim, ela chora, desagua - já interpretada pela Claire Forlani,
depois de ter contado que não conseguia chorar no momento mais triste da sua vida, então eu chorei junto.
Lágrimas gordas e fáceis, dessas que a gente não precisa nem piscar pra cair do olho, como cachoeira.
Não somos os mesmos, mas temos a chance de fazer de novo.
Com generosidade, a vida nos dá outras chances.
A sorte nos sorri duas vezes algumas vezes - e ai, como me dói esse clichê, mas doeria mais se não fosse um clichê e todas as perdas fossem eternas.
Não mais "apenas" o desejo de ter uma rotina e um trabalho digno que me desse independência, e isso me bastava, como se eu pudesse me simplificar.
Mas o sonho de poder ser eu, de poder me divertir sem culpa, trabalhando com algo que eu goste e acredite, vivendo de verdade - e ai, quem sabe, também amando.
Quem sabe? Eu é que não sei. Mas, mais uma vez, estou aqui, dando a cara à tapa, e tentando descobrir.



